quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Bolsonaro ciceroneia Yoani Sánchez


 


"No discuto promiscuidad! Hijo mío es bien educado y no corre riego de apasionarse por negras o gays".


Altamiro Borges

Para os que trataram Yoani Sánchez como uma “corajosa blogueira na luta pela liberdade de expressão”, as cenas da sua visita ontem à Câmara Federal foram constrangedoras. Ela se reuniu com a nata da direita nativa, com parlamentares que são inimigos declarados da revolução cubana e adoradores do império estadunidense. Um dos seus cicerones foi o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), famoso por defender o golpe de 1964, as torturas da ditadura militar, a homofobia e outras teses fascistóides.

Yoani Sánchez foi a Brasília a convite da bancada do PSDB, que tentou aproveitar a sua visita para criticar a política externa do governo Dilma – que prega a integração da América Latina e rechaça o bloqueio dos EUA a Cuba. As passagens foram pagas pela Câmara dos Deputados, num gasto de dinheiro público que mereceria questionamento. Além disso, os defensores da dissidente cubana ainda tumultuaram uma sessão ordinária do parlamento brasileiro, o que gerou protestos de deputados que não são pautados pela mídia.

“Essa Casa não deve repetir atitudes como esta”, criticou ao microfone a deputada Érika Kokay (PT-DF). Ela foi aparteada, aos berros, por Jair Bolsonaro, que sugeriu que ela fosse residir em Cuba. “Torturador”, retrucou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Na saída da Câmara, nova confusão que quase resultou em agressão física. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) tentou impedir um legítimo protesto contra a “mercenária cubana”, arrancando os cartazes dos manifestantes. Ele foi contido por seguranças.

O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) também ficou irritado com os protestos. Segundo o portal G1, “incomodado com a manifestação promovida por cerca de cinco jovens na porta de entrada de um dos prédios anexos da Câmara dos Deputados, o parlamentar arrancou cartazes, bandeiras e reproduções de notas de dólares erguidas pelos simpatizantes do regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro”. O demo alegou que defendia a “liberdade de expressão”. Risível para um parlamentar do partido oriundo da ditadura!

Outra cena curiosa, registrada pelo jornalista Gerson Camarotti, da insuspeita Rede Globo, foi o encontro de Yoani com Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. “Ela pediu que ele monitore a situação da restrição da liberdade em Cuba permanentemente... Aécio foi apresentado a Yoani como candidato de oposição à Presidência da República nas eleições de 2014. Ao saber disso, a cubana foi direta. ‘Não nos deixe sós em Cuba. Muitas vezes nos sentimos abandonados lá’, disse Yoani”.

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